sexta-feira, 4 de junho de 2010

Vidas em Trânsito - Parte I

Como as pessoas se conhecem e se reconhecem paradas num sinal de trânsito, num vagão de trem, num banco de ônibus? É um tema que sempre me fascinou.
Já havia escrito um texto sobre isso uma vez, mas acho que se perdeu no cyberespaço (se eu encontrar, eu juro que publico aqui numa outra oportunidade). Este que vem abaixo é um texto novo, que surgiu fresco na minha mente esta semana. Uma história de ficção, que pode estar acontecendo neste momento, num cruzamento paulistano qualquer.

P.S.: O texto está intitulado “Parte I”, pois tenho certeza que voltarei ao tema em breve, inclusive para contar a minha própria história.

***

Sinal vermelho.
Dois carros emparelhados.
Após um dia estressante, ele ainda tem de enfrentar o trânsito caótico.
Do carro ao lado, uma musica conhecida.

“She turned away, what was she looking at?/She was a sour girl the day that she met me”.

Ele olhou para o lado. Uma moça, que certamente ele conhecia de algum lugar.
Lembrou-se.
Há muito tempo, eles haviam tido um caso rápido. Ela se apaixonou por ele. Ele não correspondeu. Passava por uma fase estranha, não conseguia se envolver com ninguém.

“The rollercoaster rides a lonely one/I paid a ransom note to stop it from steaming”.

Como ela estava linda! Naquela época já era linda, mas estava diferente, com um outro brilho.

“Hey, what are you looking at?/She was a teenage girl when she met me”.

Ele se perdeu nas lembranças por alguns instantes, olhando para ela e pensando no que poderia ter sido se tivesse lhe dado uma chance.

“What would you do?/What would you do if I followed you?”.

Quando voltou a si, ela o fitava, mas desviou o olhar rapidamente.
Ela passou a mão esquerda nos cabelos. Uma aliança dourada reluzia em seu dedo anelar.

“The girl got reasons/They all got reasons”.

Viu sua própria mão esquerda, lembrou-se de seus compromissos. Esposa, filhos, jantares. Suspirou.
Olhou novamente para ela, que também o olhava. Desta vez ela não disfarçou e sorriu. Ele sorriu de volta, cúmplice do que tinham vivido muitos anos antes.
Não se arrependiam do passado, fazia parte do que eram naquele momento.
O sinal abriu. Eles seguiram por caminhos opostos, assim como suas vidas.

“Hey, what are you looking at?/She was a happy girl the day that she left me/The day that she left me/The day that she left me”.

(Texto livremente inspirado na música "Sour Girl", dos Stone Temple Pilots)

sábado, 29 de maio de 2010

Get back to where you once belonged

Escrever sempre foi uma das minhas paixões.

Desde menina eu adorava as aulas de Redação do colégio. Lembro de uma vez ter escrito um texto de quatro páginas para uma lição de casa, um romance no melhor estilo “A Princesa e o Plebeu”, que obviamente teve de ser abortado por uma outra redação que nem me lembro mais qual era, porque nem foi marcante. Cheguei a me inscrever em alguns concursos, mas nunca ganhei, só obtive uma “menção honrosa” uma vez.

Como a maioria das meninas que conheço, mantive vários diários, os primeiros realmente para contar meu dia-a-dia, e mais tarde, despejava toda a minha angústia adolescente de amores não-correspondidos nas páginas daquele que eu chamava de “melhor amigo e único confidente” (sim, pelo visto eu era Emo e não sabia, e agora que vocês sabem disso, evidentemente serão sumariamente executados numa clara tentativa de queima de arquivo). Nestes momentos em que eu escrevia no diário eu descobria a minha verdade, a verdade sobre as coisas que estavam acontecendo ao meu redor, sem fantasias. Eu sabia até quando estava enganando a mim mesma.

Aos 17 anos, passei no vestibular e adivinhem em qual faculdade entrei? Não, erraram, foi em Publicidade, mas queria ser Redatora.

No ano seguinte os blogs começaram a se popularizar e eu não podia ficar de fora da onda. Não, eu não revelarei o endereço do meu antigo blog, pois ele foi apenas uma extensão eletrônica do “meu querido diário”, mas a versão menininha, não a angústia adolescente. A única vez em que resolvi postar um desabafo bem pessoal, quase provoquei uma confusão familiar, a ponto do povo pensar que eu estava querendo me suicidar. E aí eu desanimei...

Desanimei de tudo, passei por um período bem conturbado na minha vida, uma época que não gosto de lembrar, pois me fez esquecer e duvidar de mim mesma, dos meus valores, das minhas paixões, a escrita inclusive, e eu não conseguia ver como sair dessa.

Dizem por aí que “o tempo é o senhor da razão”, e no meu caso nada poderia ser mais verdadeiro apesar de clichê. Ele passou e eu recuperei o que tinha perdido, alem de ganhar outras coisas muito preciosas.

Faltava eu me reconciliar com a minha paixão pela escrita. Estamos nos reaproximando aos poucos, como um casal que ficou um tempo separado e tenta um revival. Uma colaboração para um blog aqui, um comentário-post num blog ali, e eu comecei a ver que estava na hora de ter um espaço só meu, para dizer coisas que não cabem em 140 caracteres, para contar o meu dia-a-dia e revelar minhas verdades. Não prometo vir todos os dias, apenas em meus momentos de sanidade temporária.

Sejam bem-vindos!

P.S.: Infelizmente meus conhecimentos em html não chegam ao ponto de me permitir fazer um layout personalizado para o blog. Isso é coisa que virá com o tempo, prometo. Se alguém quiser me ajudar, habilite-se, por favor. Obrigada!